Há algum tempo eu ouvia falar da grande demissão como um fenômeno trabalhista que teve um impacto especial, especialmente nos Estados Unidos e no Reino Unido: uma tendência crescente de deixar o emprego por opção. Embora a demissão sempre tenha sido e seja a causa mais relevante para deixar o emprego, desde a pandemia, os analistas trabalhistas vêm percebendo um aumento na “autodemissão”.
Pois bem, sou um dos pioneiros nesta grande renúncia deste lado dos Pirenéus. Saí do meu trabalho em busca de novos desafios, novos objetivos. Tudo surgiu com uma mensagem de um velho colega de faculdade sobre uma oferta de emprego para os Serviços geotérmicos (Geotérmia) Braga. Ele me disse que sabia que eu tinha estado ligado a vários projetos com energia geotérmica no passado e achava que eu poderia estar interessado. Eu tinha razão.
Dizem que o trabalhador espanhol médio tende a ter uma certa tendência ao conservadorismo, a acomodar-se no trabalho, como se todos tivéssemos dentro de nós um funcionário que aspirasse a ter um emprego para toda a vida em que não houvesse muitos altos e baixos. Não era funcionário, mas é verdade que fazia parte de uma empresa de longa tradição e com a qual poderia facilmente estar ligado até à minha reforma. Mas um belo dia me cansei de tanta falta de desafio.
Pela minha experiência sabia que podia candidatar-me à vaga de Serviços Geotérmicos (Geotérmicos) de Braga que o meu amigo me falou. É um setor, a energia, que me interessa particularmente, mas a energia geotérmica é ainda mais, uma energia primária renovável que pode desempenhar um papel muito importante na descarbonização de que todos falam. Não há como voltar atrás, é verdade, e estamos em um momento decisivo. É por isso que aceitar esta oferta pode ser uma lufada de ar fresco para mim. E foi assim que pratiquei minha grande demissão, uma forma de retomar o controle da minha carreira e buscar novos desafios, mesmo que isso signifique menos segurança para mim no médio prazo.